O União Brasil fechou a porta do partido para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas tem encontrado dificuldades para livrar-se do “bode” deixado pelo petista na sala da legenda. A sigla iniciou um processo de expulsão do ministro Celso Sabino (Turismo), pela sua recusa em deixar o governo. E tem enfrentado desgastes nesse processo.
O “bode na sala” é uma expressão para algo feito propositalmente para incomodar os demais envolvidos numa situação, e obrigá-los a agir. No União Brasil, a leitura é que Lula escolheu não demitir Sabino, ministro que perdeu o respaldo do partido para continuar no governo, visando deixar um elemento de discórdia na sigla.
O União Brasil ordenou que todos os filiados abandonem seus cargos no governo federal, pois planeja apoiar uma candidatura de direita contra Lula em 2026. Sabino chegou a avisar que deixaria o ministério, mas, após conversa com o petista, decidiu permanecer na Esplanada até ano que vem.
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Lula e Sabino
Ricardo Stuckert / PR2 de 4
O ministro do Turismo, Celso Sabino, esteve em reunião para debater estratégias contra anistia
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Celso Sabino terá que deixar o governo Lula após decisão do União
KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo4 de 4
Igo Estrela/Metrópoles
@igoestrela
Dessa forma, iniciou-se um processo para expulsão do ministro. Ele perdeu o comando do diretório do União no Pará e foi afastado das atividades partidárias. Agora, enfrentará um processo que deve durar dois meses no Conselho de Ética da legenda.
Estresse
Só a permanência dele nesses 60 dias já vem causando estresse no União, gerando teses de que a sigla pode acabar atestando sua permanência se o governo Lula se manter competitivo nas pesquisas. Há quem cite ameaças de desfiliação do governador Ronaldo Caiado (GO) de deixar o partido, caso Sabino não seja de fato expulso.
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União Brasil se manifesta sobre afastamento do ministro Celso Sabino
O relator do processo e expulsão de Sabino no União Brasil, Fabio Schiochet (SC), negou tal possibilidade. “Dei o prazo de 60 dias por uma questão jurídica. Ele terá esse prazo, até para evitar questionamentos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas o caminho de Sabino é procurar outro partido”, explicou.
Caiado é pré-candidato à Presidência, e vem defendendo que o União Brasil abandone sua gênese de partido do Centrão e se torne uma sigla de oposição “puro-sangue”. Manter um ministro, nesse caso, poderia gerar questionamentos sobre sua posição como candidato da direita.
Sabino, por sua vez, tem avaliado se pretende de fato esperar os dois meses para ser expulso. Ele foi aconselhado por colegas de partido a deixar o União Brasil, para evitar um desgaste interno prolongado.
COP
No entanto, o ministro tem atrasado a saída de olho no saldo positivo que a COP30 pode lhe conferir. O ministério do Turismo, que Sabino comanda, está no núcleo dos trabalhos ligados à conferência climática. Além disso, será sediada em novembro no Pará, estado do ministro.
Com a abertura do processo de expulsão e o prazo de 60 dias, Sabino acabou ganhando um prazo a mais e vai esticar a permanência pelo menos até o final da COP em Belém.
Recentemente, em evento de entrega de obras na capital paraense, ao lado de Lula, o ministro rasgou elogios ao petista e chegou a dizer que não vai abandonar o presidente.