O ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou a chamada “minuta do golpe” aos comandantes das Forças Armadas, pouco tempo depois de ter perdido as eleições presidenciais para Luia Inácio Lula da Silva (PL).
Trechos da delação premiada de Cid foram divulgados na tarde desta quinta-feira (20/2), por ordem de Moraes. Durante o interrogatório, após o ministro transcrever o relato sobre a apresentação da minuta golpista, o ex-ajudante de ordens acrescentou que recebeu essa informação diretamente do então comandante do Exército, Freire Gomes.
“Só queria deixar claro: essa informação eu recebi via general Freire Gomes. Eu não estava na reunião”, contou Cid a Moraes. De acordo com o ex-ajudante, o episódio ocorreu em 7 de dezembro de 2022.
Veja o vídeo:
Segundo Cid, os ex-comandantes da Marinha, do Exército e da Força Aérea estavam presentes. Embora não tenha detalhado isso no depoimento, além de Gomes, o comandante da Aeronáutica, Baptista Junior, também se posicionou contra a proposta de um golpe de Estado. Já o chefe da Marinha, Almir Garnier, teria dado apoio ao plano.
Gravação
Moraes ampliou o acesso dos denunciados por tentativa de golpe a processos semelhantes que tramitam na Corte.
Nesta quinta, o magistrado decidiu liberar as gravações em vídeo das delações do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que embasaram a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 aliados por tentativa de golpe de Estado.
Com a medida, os acusados terão acesso não apenas ao âmbito da petição na qual o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou a denúncia, mas também a outros cinco processos utilizados como elementos de prova ao longo da investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela PGR.
Além disso, Moraes acolheu um pedido da defesa de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, garantindo-lhe acesso a todos os documentos, mídias e gravações eletrônicas relacionadas ao acordo de delação premiada firmado por Mauro Cid com a PF.