Mascar um chiclete pode ser muito mais poderoso do que se imaginava. A grande prova disso foi a criação de cientistas de um chiclete antiviral desenvolvido a partir do feijão pedra ou cutelinho (Lablab purpureus) para proteger as pessoas dos vírus da gripe e da herpes. O estudo foi publicado na revista científica Molecular Therapy em janeiro.
Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, em parceria com cientistas finlandeses, são os responsáveis por essa invenção impressionante. O chiclete contém uma substância natural, a FRIL, extraída do feijão pedra, que tem o poder de capturar e neutralizar dois tipos de herpes (HSV-1 e HSV-2) e duas cepas de influenza A (H1N1 e H3N2).
O pontapé inicial para o desenvolvimento dessa nova solução foram as baixas taxas de vacinação contra a gripe e ausência de imunizantes contra herpes. Na prática, como muitos vírus se espalham pela boca e saliva, os cientistas criaram um modo de defesa para agir diretamente no local. Quando a pessoa masca o chiclete, a FRIL é liberada na boca e começa a agir, reduzindo a quantidade de vírus.
Na fase de testes, a invenção funcionou muito bem, com 40 miligramas de uma pastilha de chiclete de dois gramas sendo suficientes para reduzir em mais de 95% a presença dos vírus da herpes e da gripe. Em estudos anteriores, a mesma substância já havia mostrado bons resultados contra o vírus da Covid-19, diminuindo na mesma porcentagem a presença do Sars-CoV-2.
Os cientistas também querem utilizar o pó de feijão na alimentação de aves para combater a gripe aviária, que tem causado surtos e até infectado humanos. Trabalhos anteriores demonstraram que o produto alimentar natural consegue neutralizar as variantes H5N1 e H7N9, responsáveis por causar gripe aviária em aves e humanos.
“Controlar a transmissão de vírus continua sendo um grande desafio global. Uma proteína antiviral de amplo espectro (FRIL) presente em um produto alimentar natural (pó de feijão) para neutralizar não apenas os vírus da gripe humana, mas também a gripe aviária (de aves) é uma inovação oportuna para prevenir sua infecção e transmissão”, afirma o professor e principal autor do estudo, Henry Daniell, da Escola de Medicina Dentária da Universidade da Pensilvânia, em comunicado à imprensa.
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