Os casos de sarampo aumentaram 11 vezes na região das Américas em 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. O alerta foi emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nessa segunda-feira (28/4), com base em dados compilados até 18 de abril.
No total, foram notificados 2.318 casos da doença em seis países (Canadá, Estados Unidos, México, Argentina, Brasil e Belize), além de três mortes.
Segundo a OMS, a maioria dos casos foi em pessoas de 1 a 29 anos que não tinham sido vacinadas ou com status vacinal desconhecido. O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa, com risco de complicações graves e até morte. Apesar disso, ainda há falhas na cobertura vacinal.
Canadá e EUA concentram mais de 80% dos casos
O Canadá lidera a lista com 1.069 casos. Segundo a OMS, essa é a maior contagem anual de infecções desde que o país declarou a eliminação do sarampo, em 1998. Um surto em uma região com baixa cobertura vacinal foi responsável por 83% dos casos.
O evento teve início em outubro de 2024 com a chegada de um viajante infectado, que participou de uma reunião com pessoas de diversas províncias canadenses. Entre os infectados, 84% não estavam vacinados.
Nos Estados Unidos, foram registrados 800 casos até 17 de abril, além de duas mortes. A maioria (93%) está associada a pelo menos dez surtos identificados neste ano, com destaque para os estados do Texas, Novo México e Oklahoma, que respondem por 82% das infecções. Crianças e adolescentes foram os mais atingidos, e cerca de 11% dos pacientes precisaram de hospitalização.
Situação no Brasil
No Brasil, cinco casos foram registrados até agora. O mais recente foi confirmado em São Paulo: trata-se de um homem de 31 anos, vacinado, que apresentou sintomas leves. Outros dois casos locais ocorreram no Rio de Janeiro, em crianças menores de um ano que não haviam sido vacinadas.
Foram registrados ainda dois casos importados, em adultos do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul, ambos com viagem internacional recente. O número atual de infecções não ameaça o certificado de eliminação do sarampo, reconquistado em 2024. Para que o país perca o status, seria necessário haver transmissão sustentada em território nacional por mais de 12 meses.
Baixa cobertura vacinal alimenta risco global
A OMS alerta que o sarampo é altamente contagioso e pode causar complicações graves, mas pode ser prevenido com duas doses da vacina. Em 2023, mais de 22 milhões de crianças no mundo não receberam nem a primeira dose.
A baixa imunização tem contribuído para o ressurgimento da doença. A vacina tem eficácia de 97% e é uma das medidas de saúde pública mais eficazes, segundo a organização.
Entre as possíveis complicações estão pneumonia, encefalite, diarreia, cegueira e morte. A infecção também pode enfraquecer o sistema imunológico, aumentando o risco de outras doenças por meses ou anos.
Com o aumento dos casos, a OMS recomenda que os países mantenham cobertura vacinal em pelo menos 95% e reforcem a vigilância, especialmente em áreas de fronteira com alto fluxo de pessoas.
Campanhas de vacinação em massa são essenciais em regiões vulneráveis. Entre 2000 e 2023, a vacinação evitou cerca de 60 milhões de mortes no mundo, sendo 6 milhões nas Américas.
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