Além de serem os melhores amigos do homem, os cachorros podem ajudar a proteger seus tutores. Um novo estudo mostrou que cães treinados podem detectar o Parkinson por meio do cheiro da pele dos pacientes antes mesmo que eles apresentem os primeiros sintomas da doença.
A pesquisa conduzida por pesquisadores da organização Medical Detection Dogs e das universidades de Bristol e Manchester, ambas no Reino Unido, foi publicada na segunda-feira (14/7), no The Journal of Parkinson’s Disease.
“Estamos extremamente orgulhosos de dizer que, mais uma vez, os cães podem detectar doenças com muita precisão. O diagnóstico oportuno é fundamental, pois o tratamento subsequente pode retardar a progressão da doença e reduzir a intensidade dos sintomas”, destaca a coautora do artigo, Claire Guest, CEO e diretora científica da Medical Detection Dogs, em comunicado.
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O que é o Parkinson?
- O Parkinson é uma condição crônica e progressiva causada pela neurodegeneração das células do cérebro.
- Estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas no mundo tenham Parkinson.
- A ocorrência é mais comum entre idosos com mais de 65 anos, mas também pode se manifestar em outras idades.
- A doença atinge principalmente as funções motoras, causando sintomas como: lentidão dos movimentos, rigidez muscular e tremores.
- Os pacientes também podem ter: diminuição do olfato, alterações do sono, mudanças de humor, incontinência ou urgência urinária, dor no corpo e fadiga.
- Cerca de 30% das pessoas que vivem com Parkinson desenvolvem demência por associação.
Cães detectam Parkinson com alta precisão
Durante as observações, dois cachorros – Bumper, um Golden Retriever, e Peanut, um Labrador – foram treinados ao longo de várias semanas com mais de 200 amostras de sebo de pessoas com e sem Parkinson. Em um teste duplo-cego, onde nem participantes e nem pesquisadores sabem quem está recebendo tratamento ou intervenção, os pets atingiram os seguintes resultados:
- Sensibilidade de até 80% na capacidade de identificar corretamente os pacientes com a doença;
- Especificidade de até 98% na capacidade de descartar corretamente quem não tinha a doença.
- Eles também detectaram o vírus em amostras de pacientes que tinham outros problemas de saúde.
As amostras foram apresentadas aos cachorros em um sistema de suporte, e os animais foram recompensados sempre que indicavam corretamente uma amostra positiva e por ignorar corretamente uma amostra negativa.
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Parkinson é uma doença neurológica caracterizada pela degeneração progressiva dos neurônios responsáveis pela produção de dopamina
KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images2 de 8
Esse processo degenerativo das células nervosas pode afetar diferentes partes do cérebro e, como consequência, gerar sintomas como tremores involuntários, perda da coordenação motora e rigidez muscular
Elizabeth Fernandez/ Getty Images3 de 8
Outros sintomas da doença são lentidão, contração muscular, movimentos involuntários e instabilidade da postura
izusek/ Getty Images4 de 8
Em casos avançados, a doença também impede a produção de acetilcolina, neurotransmissor que regula a memória, aprendizado e o sono
SimpleImages/ Getty Images5 de 8
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar de a doença ser conhecida por acometer pessoas idosas, cerca de 10% a 15% dos pacientes diagnosticados têm menos de 50 anos
Ilya Ginzburg / EyeEm/ Getty Images6 de 8
Não se sabe ao certo o que causa o Parkinson, mas, quando ocorre em jovens, é comum que tenha relação genética. Neste caso, os sintomas progridem mais lentamente, e há uma maior preservação cognitiva e de expectativa de vida
Visoot Uthairam/ Getty Images7 de 8
JohnnyGreig/ Getty Images8 de 8
O Parkinson não tem cura, mas o tratamento pode diminuir a progressão dos sintomas e ajudar na qualidade de vida. Além de remédio, é necessário o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Em alguns casos, há possibilidade de cirurgia no cérebro
Andriy Onufriyenko/ Getty Images
Esperança para o diagnóstico precoce do Parkinson
Ainda existe um teste definitivo para diagnosticar o Parkinson. Em alguns casos, os sintomas podem levar até 20 anos para aparecerem. Nesse cenário, o estudo surge como uma esperança ao encontrar biomarcadores olfativos, e se tornar uma possibilidade importante para o diagnóstico precoce e intervenção oportuna.
“A identificação de biomarcadores diagnósticos do Parkinson é objeto de muitas pesquisas em andamento. Níveis de sensibilidade de 70% e 80% estão bem acima do acaso, e acredito que os cães podem nos ajudar a desenvolver um método rápido, não invasivo e econômico para identificar pacientes com a doença”, finaliza a autora principal do artigo, Nicola Rooney, professora da Universidade de Bristol.
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