Em 2024, o Brasil obteve 34 pontos e ficou na 107ª posição entre 180 países no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional (IPC). Estas são as piores nota e colocação do país desde o início da série histórica do índice, em 2012.
O resultado de 2024 representa quedas de dois pontos e de três posições em relação ao ano anterior. Além disso, o país acumula perda de nove pontos e de 28 posições em comparação com os melhores desempenhos na série histórica, registrados em 2012 e novamente em 2014.
O levantamento reúne percepções de acadêmicos, juristas, empresários e outros especialistas sobre a corrupção no setor público de cada país analisado. Em 2024, a nota do Brasil foi calculada com base em oito fontes de informação.
Segundo Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional, “em 2024, o Brasil falhou, mais uma vez, em reverter a trajetória dos últimos anos de desmonte da luta contra a corrupção”.
“Ao contrário, o que se viu foi o avanço do processo de captura do Estado pela corrupção. A principal evidência de que estamos entrando no estágio avançado desse processo vai se tornando clara: a presença cada vez maior e explícita do crime organizado nas instituições estatais, que anda de mãos dadas com a corrupção”, explica o profissional.
De acordo com a organização não governamental, há 10 anos, o país estava empatado com Bulgária, Grécia, Itália, Romênia, Senegal e Essuatíni (antiga Suazilândia). Hoje, o Brasil encontra-se empatado com Argélia, Malauí, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia.
“Restropectiva Brasil 2024”
De acordo com a organização, o relatório destaca os principais avanços e retrocessos em transparência e no combate à corrupção durante o período. Entre os pontos negativos que contribuíram para esse cenário estão o silêncio reiterado do presidente Lula (PT) sobre a pauta anticorrupção, a percepção de crescente ingerência política na Petrobras, a falta de transparência e de controle social no Novo PAC e a aprovação da PEC da Anistia, entre outros.
Entre os avanços na área anticorrupção em 2024, destacam-se as decisões do STF para ampliar a transparência e a rastreabilidade das emendas parlamentares, além do lançamento do Plano de Integridade e Combate à Corrupção 2025-2027 pela CGU.
O relatório também aponta que o ano passado foi marcado por casos de corrupção com impacto na agenda climática, como a Operação Overclean, que revelou um amplo esquema de corrupção no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Além disso, o documento menciona outras investigações relacionadas à corrupção.
