A jornalista Juliana Dal Piva, responsável pelo livro O Negócio do Jair: A História Proibida do Clã Bolsonaro, complementa a história do filme Ainda Estou Aqui com a obra Crime sem Castigo: Como os Militares Mataram Rubens Paiva, lançado pela editora Matrix no último dia 10.
Diferente do longa nacional de Walter Salles, que mostra a luta de Eunice Paiva após o sumiço do marido, Crime sem Castigo esmiúça o desaparecimento, a tortura e a execução do ex-deputado federal Rubens Paiva.
Veja o papo completo:
Apesar do “casamento” com o sucesso da produção, indicada em três categorias no Oscar 2025, as investigações da jornalista em torno dos desaparecidos da ditadura militar começaram em 2008, durante um intercâmbio para Buenos Aires, na Argentina.
“[O caso do Rubens Paiva] se apresenta para mim durante uma investigação que fiz com outro colega. A gente faz uma entrevista com um tenente-coronel do Exército, que foi um dos oficiais mais importantes do gabinete do ministro do Exército em 1970, o Paulo Malhães, e ele admite a participação, a construção de um centro clandestino de tortura e morte que eles criaram na região serrana do Rio de Janeiro, em Petrópolis, a Casa da Morte“, conta Juliana em papo com o Metrópoles.
Partindo dessas entrevistas com militares envolvidos diretamente nas torturas cometidas durante o golpe de Estado, Juliana mergulha na história da família Paiva e chega ao “crime sem castigo” em torno do patriarca dos Paivas.
“Foram muitas as maneiras pelas quais atentaram contra a vida do Rubens Paiva. Eles tiraram a vida do Rubens Paiva na tortura, mas eles mentiram sobre o que fizeram com o corpo forjado. Cometeram a barbárie de enterrar o corpo do Rubens Paiva em pelo menos dois lugares diferentes”, completa.
Por fim, Dal Piva exaltou a importância de abordar o tema e não deixar os horrores cometidos no período da ditadura caírem no esquecimento.
“Essa não é uma questão dos familiares de vítimas de mortos e desaparecidos. Ela deveria ser uma questão de toda a sociedade brasileira. É parte da nossa construção de democracia, não esquecer do que aconteceu, não repetir e fazer justiça às vítimas e às famílias.”
Juliana Dal Piva
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