Marília Scarabello foi censurada em exposição pela Caixa Econômica Federal (CEF) e agora está sendo alvo de discursos de ódio nas redes sociais. Isso porque, após representar Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, a senadora Damares Alves e Paulo Guedes em um cesto de lixo, a artista plástica recebeu ameaças nas redes sociais.
“Estou sendo agredida e desqualificada. As pessoas xingam, ameaçam. Entrei no olho do furacão, mergulhei em um verdadeiro inferno por uma narrativa falsa sobre o meu trabalho”, declarou, em entrevista à Mônica Bérgamo.
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A exposição em questão foi aberta pela Caixa no dia 17 de outubro e se chamava O Grito. Marília participava com seu trabalho Bandeiras, que consistia em representar a bandeira do Brasil como forma de protesto. Ela cataloga o trabalho desde 2016. Entretanto, sua obra foi retirada após reclamação de parlamentares.
“Eu percebi que as pessoas pegavam a bandeira do Brasil e manipulavam, inseriam frases no lugar de ‘Ordem e Progresso’, fotografias, charges, desenhos, colagens, para se manifestar. Me interessei por aquelas manifestações, por aquelas vozes falando todas ao mesmo tempo, e que muitas vezes estão em conflito, mas que convivem em um Estado Democrático de Direito como é o Brasil”, disse.
Na sequência, a artista contou que começou a colocar as imagens no Instagram e que, em pouco tempo, juntou mais de 2 mil imagens. “Eu printava e guardava essas imagens, e comecei a colocá-las no meu Instagram. As pessoas passaram a me enviar outras imagens”, contou.
Marília declarou que tem bandeiras tanto pró, quanto contra o mesmo assunto. “É uma colcha de retalhos. Há manifestações pró-aborto, contra o aborto, pró-Bolsonaro, contra o Bolsonaro, contra o Lula, a favor do Lula. Meu trabalho é quase o de um colecionista. Eu não fabrico as imagens que estão lá”, pontuou.
“Tem um olhar para manifestações múltiplas de uma população múltipla. Ela mostra o que está acontecendo no Brasil, porque tudo o que acontece vai parar na nossa bandeira, que as pessoas usam para protestar”, descreveu.
Marília Sagrabello ainda informou que não fazia ideia que seu trabalho causaria o fim precoce de uma exposição. “Uma pessoa visitou a mostra e filmou as imagens de bandeiras que, de alguma forma, a ofendiam. E criou uma narrativa que não corresponde ao que era a exposição”, declarou. A Caixa informou, em nota, o cancelamento da mostra.
“A CAIXA informa que a exposição “O grito!” foi selecionada no âmbito do Programa de Ocupação dos espaços da CAIXA Cultural 2023/2024, modelo de seleção pública para projetos culturais que são patrocinados para ocupação dos espaços do banco.
A obra Bandeiras compõe a exposição e apresenta uma coleção de imagens do público em geral recebidas pela artista Marília Scarabello, desde 2016, com releituras da bandeira brasileira que retratam os mais diversos imaginários acerca do Brasil, com variadas manifestações de pensamento.
Considerando que foi identificada na obra em questão manifestação com viés político-partidário, o que fere as diretrizes do programa, a CAIXA decidiu cancelar a referida exposição.
A direção do banco informa ainda que determinou apuração de responsabilidades pelos órgãos internos.”