O deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ) passou cerca de uma semana em greve de fome nos últimos dias, depois que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou a cassação de seu mandato. O protesto foi interrompido depois de um acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para adiar a apreciação do processo no plenário.
Depois de uma coletiva na quinta-feira (17/4), o parlamentar passou por avaliação médica e começou um processo de reintrodução alimentar, seguindo à risca as orientações por ficado com a saúde debilitada devido à greve. Glauber passa o feriado de Páscoa em Brasília (DF) com a família enquanto se recupera.
Foram mais de 200 horas sem se alimentar, ingerindo apenas água, isotônicos e soro. Glauber permaneceu no plenário 5, onde a votação foi realizada. Ele dormia no local, saía para tomar banhos dentro da própria Câmara, e recebia acompanhamento médico com a realização de exames diários.
De acordo com a equipe do parlamentar, ele perdeu cerca de cinco quilos durante a greve de fome. Agora, passa pela reintrodução alimentar, que se inicia com a ingestão de caldos, depois de alimentos pastosos e, aos poucos, de alimentos sólidos.
Entre os alimentos recomendados para este momento pelo médico que o acompanhou, estão sucos de frutas, água de coco, caldos, cereais integrais, frutas frescas e legumes cozidos, arroz branco, macarrão ou proteínas magras como frango ou peixe. O congressista também foi orientado a evitar alimentos gordurosos ou de difícil digestão, monitorar possíveis sintomas e manter acompanhamento médico.
Acordo com Hugo Motta
Motta confirmou um acordo político para impedir, por no mínimo 60 dias, votação em plenário da denúncia que pode levar à perda de mandato do psolista. A iniciativa foi costurada pelo presidente da Câmara junto ao líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ) e à deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP), esposa de Glauber.
Dessa forma, o PSol pode recorrer da decisão do Conselho de Ética na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) como prevê o regimento, mas mesmo que seja negado, não será pautado em plenário antes do segundo semestre.
O Conselho de Ética aprovou a cassação do mandato do parlamentar por 13 votos a 5. O processo alega que Glauber quebrou o decoro parlamentar ao expulsar da Câmara, com chutes, o militante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro, em abril de 2024. O parlamentar alega que ele sofre perseguição por ser adversário do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).