O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o advogado Jeffrey Chiquini, que representa o ex-assessor presidencial Filipe Martins, protagonizaram uma discussão na manhã desta quarta-feira (16/7), durante o depoimento do ex-ministro G. Dias, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
O general foi arrolado como testemunha pelo próprio advogado que defende Filipe Martins, réu no núcleo 2. Durante a oitiva, ao indagar o ex-ministro do governo Lula sobre a existência de tropas do GSI de prontidão para conter os invasores do Palácio do Planalto, Moraes interrompeu o defensor, lembrando que o general já havia respondido a essa questão anteriormente na mesma sessão.
“Doutor, quando os golpistas chegaram — porque não são vândalos, são golpistas, inclusive já condenados —, as imagens são muito claras. O senhor deveria ter acompanhado”, afirmou Moraes.
Chiquini rebateu: “Mas quais imagens, senhor? As 190 ou as duas fornecidas?”. Moraes, então, retrucou: “Doutor, como, doutor?”. O advogado insistiu: “A minha pergunta é: quais imagens? Aquelas que desapareceram ou aquelas disponibilizadas de forma seletiva?”.
O ministro retrucou: “O senhor está acusando alguém de ter feito as imagens desaparecerem?”. Chiquini respondeu: “Falei de forma genérica e ainda não cheguei a essa pergunta”. Moraes então advertiu o advogado: “Porque eu já estou oficiando o Governador Tarciso [de Freitas] para informar das suas acusações de ontem. O senhor quer que eu informe mais alguma autoridade sobre suas acusações?”.
A referência de Moraes era à tentativa do advogado de envolver o governador de São Paulo em reuniões que estão sob investigação.
Após isso, Moraes cortou o microfone do advogado, vetando a palavra e prosseguiu com a audiência: ” Cacei a palavra, doutor. Por favor”. O ministro, em seguida, questionou se outra defesa queria formular perguntas ao general G. Dias.
Jeffrey abriu o microfone e questionou: “Cassou a minha palavra?”. Moraes confirmou: “Cassei a palavra, doutor. Por favor”.
Réus do núcleo 2
- Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na gestão de Bolsonaro;
- Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do DF;
- Filipe Garcia Martins Pereira – ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência;
- Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;
- Marília Ferreira de Alencar – delegada da Polícia Federal e ex-subsecretária de Segurança Pública do Distrito Federal; e
- Mário Fernandes – general da reserva do Exército e “kid preto”.
Segundo a PGR, Vasques, Marília e Fernando coordenaram o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima de Bolsonaro no poder. Pela denúncia, Mário Fernandes ficou responsável por coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas, em conjunto com Marcelo Câmara, além de realizar a interlocução com as lideranças populares ligadas ao 8 de Janeiro.
Filipe Martins seria o responsável por auxiliar o ex-presidente com o projeto para decretar estado de sítio no país.
Núcleo 2
16/7 – 9h (réu: Filipe Martins):
Testemunhas:
Marco Antonio Freire Gomes
Carlos De Almeida Batista Junior
Marcel Van Hattem
Helio Lopes
Eduardo Pazuello
Eduardo Girão
Rodrigo Pacheco
Onyx Lorenzoni
Marco Edson Gonçalves Dias
Fernanda Januzzi
Eduardo Tagliaferro
Mateus Matos Diniz
Stella Maria Flores Floriani Burda
Saleh Ahmad Salem Alzariam Alsuwaidi
Yossi Shelley
Todd Chapman
Rotyslav Tronenko
Fabiana Melisse Da Costa Tronenko
Bader Abbas Alhelaibi
Fabio Alvarez Shor
16/7 – 9h (réu: Marcelo Câmara):
Testemunhas:
Ciro Nogueira Filho
Rogerio Simonetti Marinho
Réus do núcleo 4
- Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército;
- Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército;
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal;
- Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;
- Guilherme Marques Almeida – tenente-coronel do Exército;
- Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército; e
- Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal.
Segundo a PGR, os integrantes desse núcleo atuaram em frentes estratégicas de desinformação, com o intuito de minar a credibilidade das urnas eletrônicas e do processo eleitoral, além de pressionar as Forças Armadas a se envolverem no plano golpista.
Eles são acusados dos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Testemunhas do núcleo 4
16/7 – 9h (réu: Guilherme Marques Almeida):
Testemunha:
Vitor de Paula Targueta
16/7 – 9h (réu: Marcelo Araujo Bormevet):
Testemunhas:
Luiz Gustavo Da Silva Mota
Paulo Mauricio Fortunato Pinho
Marcelo Furtado Martins De Paula
Frank Marcio De Oliveira
16/7 – 9h (réu: Reginaldo Vieira De Abreu):
Testemunhas:
Marcelo Nogueira De Sousa
Wagner Oliveira Da Silva
Marcus Rogers Cavalcante Andrade