A Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) concluiu que o adolescente de 16 anos, autor do ataque à Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação (RS), agiu sozinho. A investigação foi finalizada nesta quarta-feira (16/7) e será encaminhada ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS).
De acordo com o delegado Jorge Fracaro Pierezan, responsável pelo caso, o jovem participava, ainda que superficialmente, de comunidades on-line que tratavam de ataques. A perícia em celulares da família reforçou essa linha de apuração.
Imagens de câmeras de segurança mostram o trajeto do adolescente no dia 8 de julho. Ele saiu de casa, foi a um bazar onde comprou bombinhas para assustar os alunos e, após retornar para casa, dirigiu-se à escola. Segundo o delegado, a escolha da unidade teria sido aleatória.
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Vitor André Kungel Gambirazi, vítima de adolescente que invadiu escola no Rio Grande do Sul
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Vizinha abrigou alunos que fugiam de ataque em escola no Rio Grande do Sul
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Suspeito de ataque em escola no RS foi imobilizado por populares
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O suspeito, identificado como ex-aluno, invadiu a Escola Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação (RS)
Reprodução/ Google Maps
Entenda o caso
- De acordo com a corporação, o adolescente chegou à escola por volta das 9h40, com uma mochila. Ele disse que entregaria um currículo e pediu para usar o banheiro. Um monitor o acompanhou até o local.
- Ao sair do banheiro, o jovem procurou uma sala de aula. Em seguida, tirou uma faca da mochila e começou a agredir crianças e jogar bombinhas. Depois, invadiu uma sala de aula, onde atacou outros alunos. A professora também ficou ferida ao tentar proteger os estudantes, segundo a PCRS.
- Vitor André Kungel Gambizari, de 9 anos, foi esfaqueado no tórax e não resistiu aos ferimentos. O menino foi sepultado na tarde da última quarta-feira (9/7). Outras duas meninas, ambas com 8 anos, também foram atingidas.
- Uma das vítimas recebeu atendimento e teve alta na última terça-feira (8/7). Já a outra, que sofreu traumatismo cranioencefálico, passou por cirurgia e, após melhora clínica, foi liberada cinco dias depois. A professora de 34 anos que também se feriu durante o ataque recebeu alta médica.
- Funcionários da escola conseguiram imobilizar o adolescente, que foi apreendido pela polícia. Um dos monitores relatou que desarmou o agressor com uma pá encontrada no depósito da escola, atingindo-o pelas costas.
O delegado destacou que a tragédia não foi ainda mais grave graças ao preparo da escola. Um treinamento de evacuação havia sido realizado uma semana antes do ataque.
“Isso foi fundamental. As crianças souberam como agir diante do perigo. A escola foi esvaziada em dois minutos. Uma professora, ao perceber a situação, abriu os portões — que normalmente ficam trancados — e criou uma rota de fuga. Se os portões estivessem fechados, os alunos ficariam encurralados. As crianças correram como haviam aprendido; apenas uma chegou a cair”, relatou.
O delegado também alertou para a importância de atenção redobrada dentro das escolas. “Muitas vezes o foco está no aluno que incomoda, que enfrenta. Mas o problema pode estar justamente naquele que é retraído e silencioso.”
O psiquiatra que acompanhava o adolescente deverá prestar depoimento nesta quinta-feira (17/7).
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Ato infracional e internação
A PCRS concluiu o inquérito como ato infracional análogo a homicídio consumado, além de cinco tentativas de homicídio contra outras crianças e uma professora feridas no ataque, e mais uma tentativa contra todos os presentes na escola naquele dia.
O adolescente segue internado provisoriamente em um centro de atendimento socioeducativo da Região Norte desde o dia do ataque. A medida tem duração inicial de 45 dias, podendo ser estendida por decisão judicial por até três anos.
Escola retoma aulas
Conforme a prefeitura do município, a escola reabriu nesta quinta e, após o atentado, os estudantes participarão de atividades especiais.
A reabertura conta com o apoio do Ministério da Educação (MEC). Na semana passada, a Brigada Militar do Rio Grande do Sul (BM-RS) anunciou que haverá presença policial na unidade.
O adolescente, morador do município, não possuía antecedentes criminais. Ele estava em acompanhamento psiquiátrico havia mais de um ano, e as motivações do ataque ainda não foram esclarecidas.