Se você tivesse o poder de salvar a vida de uma única pessoa, em qualquer momento da história, quem você escolheria? É com esse questionamento que Luiz Roberto Magalhães inicia o livro A Escolha. O trabalho será lançado na próxima sexta-feira (25/4), a partir das 17h, na Casa de Chá, na Praça dos Três Poderes.
O jornalista e escritor alia a realidade, representada por um acontecimento trágico da vida dele, com a ficção para mudar o passado e salvar uma menina que conheceu na internet em 2005, mas morreu antes que eles pudessem se encontrar pessoalmente. Na trama que tem Brasília como palco, ele traz histórias da cidade e muda os acontecimentos do mundo real.
Em entrevista ao Metrópoles, Magalhães explicou que em fevereiro de 2005, quando havia acabado de se separar, foi ler notícias em um portal e decidiu entrar em uma sala de bate-papo. Enquanto via muitas pessoas “falando besteiras”, ele se deparou com um nome que chamou atenção: Giuliana — quase o mesmo de sua ex-esposa, Juliana.
Ele decidiu mandar uma mensagem à moça, ela respondeu e eles começaram a conversar. Durante o papo, ela explicou que, na verdade, se chamava Sophia, tinha 27 anos e fazia psicologia na UnB. “Foi um papo muito legal. Isso era mais ou menos umas 23h30 e a gente ficou conversando até umas 3h30 da manhã”, descreveu.
Após o contato na internet, os dois trocaram fotos, telefones e mantiveram contato no cotidiano. Em um final de semana, os dois tentaram marcar um encontro, mas não tinham horários livres em comum. Então, marcaram de se encontrar na segunda para um sorvete.
Porém, o encontro nunca aconteceu. Ele tentou contato, mas não teve resposta até quarta-feira daquela semana. Neide, uma das melhores amigas de Sophia, atendeu uma das ligações e revelou que ela estava em estado gravíssimo após sofrer um acidente de sábado para domingo — vindo a falecer na quinta.
A ideia do livro
Mesmo com o passar dos anos, Luiz Roberto Magalhães disse que não a esqueceu por ter ficado impactado com a história. Quando entrava em uma igreja, acendia uma vela para a alma dela. “Para mim, foi muito duro, sabe, foi o dia que eu mais chorei na vida, até mais que o dia que eu perdi o meu pai. Fiquei muito impactado pela história”.
Em 2023, quando morava nos Estados Unidos, o jornalista teve uma forte lembrança e decidiu escrever o livro. Entretanto, a ideia foi que o final não fosse trágico como o real.
Por conta da forma como tudo aconteceu, ele explicou que optaria por salvar Sophia ao invés do pai, que morreu em 2022; ou da avó, que partiu com 94 anos. “Ele [o pai] fez tudo o que queria fazer, foi bem sucedido, teve uma vida inteira. A Sophia foi muito nova, me marcou muito. Se eu pudesse ter esse poder, eu salvaria a vida dela”, garantiu.
Para ele, esse livro traz um “pouquinho de esperança” e ressignificado para a tragédia. “O maior preço que a gente paga dessa vida é sobreviver às pessoas que a gente ama. Pega as pessoas que você mais ama e se imagina sem elas na sua vida, é duro.”

A Sophia
Por não ter conseguido estreitar a relação com Sophia, a única pessoa relacionada à ela que o escritor conheceu foi Neide. Ele conta que ela ficou super emocionada com o livro e que recebeu a notícia de que outros familiares e amigos da amiga estarão presentes no lançamento.
“Vai ser um momento muito forte porque vai ser um momento que eu vou poder me conectar com a Sophia pelos amigos e parentes. Tem um significado muito bom”, contou, explicando que se comove com a situação.
Ele ainda contou que o lançamento do livro vai fechar uma história que ele viveu há 20 anos, mas que abre uma nova porta por conta do encontro com outros amigos e parentes de Sophia.
Relação com Oswaldo Montenegro
Fã de Oswaldo Montenegro, Luiz Roberto Magalhães terminou o livro com a música Intuição. O destino dos dois se cruzou há cerca de duas semanas, quando o cantor veio fazer um show em Brasília e o escritor conseguiu contato com ele.
“Eu já estava com os livros impressos e eu tentei presentear ele, porque eu cito o Oswaldo e fecho com uma música dele. A produção falou que ele só ia se encontrar com familiares, mas eu conheci uma prima do Oswaldo, chamada Adriana, contei a história para ela e pedi para entregar um livro para ele”, explicou.
O escritor relatou que ela levou a publicação até o cantor e voltou com um livro autografado. Na sequência, Luiz explicou que o artista abriu o show com a música Intuição. “Eu só chorava”, destacou.

Reação da mãe de Sophia
O jornalista contou também que o livro chegou à mãe de Sophia há poucas semanas, quando ela estava internada. Uma prima da jovem, Gabriela, veio a Brasília, teve acesso à história e aproveitou para narrar os fatos para a mulher. Entretanto, ela alterou o nome Sophia para Alice, temendo a reação da tia.
“A mãe da Sophia se emocionou muito com a história, elas choraram muito. A Gabriela contou que quando teve alta, ela estava indo para casa e perguntou: ‘Será que você poderia levar a Alice lá em casa para eu conhecer ela?’”, disse. Quando a jovem contou que Alice estava em um castelo, como aconteceu no livro, a matriarca pediu para ir ao local.
Por fim, ele mandou um recado para a Neide. “Agradeço muito a ela, porque ela é uma parte muito importante dessa história. Ela é o único elo que eu tenho com a Sophia”, encerrou.