Pesquisadores norte-americanos sugerem uma nova hipótese para a origem do Alzheimer. O aparecimento da doença neurodegenerativa é frequentemente creditado ao acúmulo de emaranhados de proteínas tóxicas no cérebro, mas o novo estudo sugere que o início da condição pode ser anterior a isso.
A pesquisa, publicada na quinta-feira (6/2) na revista Alzheimer’s Association, indica que grânulos gerados pelo estresse celular podem se formar no cérebro. Ao ficar “no meio do caminho” dos neurônios, esses grânulos seriam responsáveis por interromper a comunicação entre eles, além de dificultar seu reparo, o que pode ser a raiz da doença.
A hipótese de origem do Alzheimer
Os grânulos de estresse são aglomerados de proteínas e RNA que se formam em resposta ao estresse oxidativo, causado pelo excesso de radicais livres no organismo.
Entre os gatilhos para o aumento de radicais livres estão: alimentação de má qualidade, tabagismo, consumo de álcool, prática de exercício físico em excesso, estresse, falta de sono, doenças infecções e envelhecimento.
Os cientistas do Instituto de Biodesign da Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, propõem que os grânulos interrompem a comunicação entre o núcleo e o citoplasma das células, causando um efeito cascata que leva ao Alzheimer.
![Alzheimer neuronios com granulos](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2025/02/10144033/Alzheimer-neuronios-com-granulos-1200x800.jpg)
A pesquisa foi feita a partir da revisão de artigos anteriores, para identificar mudanças generalizadas na expressão genética que acompanham a doença.
De acordo com os pesquisadores, a interrupção progressiva da comunicação entre os neurônios afeta mais de mil genes e altera a expressão genética das células produzidas posteriormente, prejudicando funções essenciais, como o metabolismo e a sobrevivência celular.
“Nossa proposta oferece uma estrutura plausível para entender os mecanismos que permitem o aparecimento dessa doença complexa. Essa descoberta pode alterar quando o Alzheimer pode ser detectado e quando a intervenção deve começar”, afirma o neurocientista Paul Coleman, líder do estudo, em comunicado à imprensa.
O papel dos grânulos de estresse
Normalmente, os grânulos de estresse protegem as células durante condições adversas, dissolvendo-se quando o estresse diminui. No Alzheimer, porém, eles persistem e se tornam patológicos, prendendo moléculas vitais e interrompendo o tráfego celular.
Estudos anteriores focaram no início do aparecimento de placas amiloides e emaranhados de proteína tau como as origens do problema, mas nenhuma teoria unificou esses fenômenos como faz a hipótese dos grânulos de estresse.
“Essas mudanças radicais ocorrem muito cedo, antes dos sintomas”, explica Coleman. Tratamentos precoces que visem os grânulos de estresse podem prevenir o surgimento de placas amiloides e emaranhados de tau, mudando o foco do tratamento para a prevenção.
O Alzheimer leva a sintomas que variam de perda de memória a mudanças de personalidade. Apesar de mais de um século de pesquisa e bilhões de dólares investidos, ainda não há cura para a condição.
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