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domingo, 12 janeiro, 2025
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    HomeBrasilO que esperar de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central

    O que esperar de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central

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    Com o fim de 2024, se encerrou também o mandato do presidente do Banco Central (BC) indicado por Jair Bolsonaro (PL), Roberto Campos Neto. Em razão da lei de autonomia do BC, aprovada no governo passado, os mandatos de presidente e diretores da autarquia deixaram de coincidir com o de presidente da República.

    Com isso, desde 2023, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o primeiro chefe de Estado brasileiro a conviver com um presidente da autoridade monetária não indicado por ele. O fato atiçou a artilharia de petistas, que acusaram Campos Neto de trabalhar por interesses pessoais e políticos ligados ao bolsonarismo.

    A situação só deu uma arrefecida depois que Lula indicou os primeiros nomes para compor a diretoria da instituição. Um deles, o economista Gabriel Galípolo, assumiu a Diretoria de Política Monetária em agosto de 2023 e sentou na cadeira de presidente em 1º de janeiro de 2025. Pelo novo modelo, Galípolo terá mandato até o final de 2028, independente de quem eleito presidente da República em 2026.

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    Indicado pelo presidente Lula, Galípolo é, atualmente, diretor de Política Monetária do BC

    Galípolo tem a confiança do presidente Lula
    Gabriel Galípolo, indicado para a presidência do BC
    Gabriel Galípolo, Fernando Haddad e Josué Gomes da Silva
    Jair Bolsonaro, então presidente da República, aperta a mão de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em 2019
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    Galípolo: “Todas as vezes que o presidente (Lula) me encontrou ou me ligou foi para dizer: ‘Comigo você terá toda a tranquilidade'”

    Igo Estrela/Metrópoles

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    Indicado pelo presidente Lula, Galípolo é, atualmente, diretor de Política Monetária do BC

    Igo Estrela/Metrópoles

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    Galípolo tem a confiança do presidente Lula

    Raphael Ribeiro/BCB

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    Gabriel Galípolo, indicado para a presidência do BC

    Roque de Sá/Agência Senado

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    Gabriel Galípolo, Fernando Haddad e Josué Gomes da Silva

    Fábio Vieira/Metrópoles

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    Jair Bolsonaro, então presidente da República, aperta a mão de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em 2019

    Marcos Corrêa/PR

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    Roberto Campos Neto foi alvo da esquerda pelos juros altos anunciados

    Vinícius Schmidt/Metrópoles

    Galípolo terá o desafio de manter a inflação sob controle, conciliando a principal função do BC com as pressões políticas. Ao menos pelos próximos dois anos, a cobrança virá especialmente do presidente Lula e de sua sigla, o Partido dos Trabalhadores, sempre vocais na defesa de taxas de juros mais baixas.

    Em dezembro, na última reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 12,25% ao ano — um aumento de 1 ponto percentual. E, ainda, contratou mais dois aumentos de mesma magnitude.

    Herança maldita? Galípolo assumirá BC sem espaço para baixar juros

    A taxa de juros é o principal instrumento de política monetária do BC, para manter a inflação sob controle, ou seja, dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

    A meta é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, o que significa que pode oscilar entre 4,5% e 1,5%. O próprio Banco Central admitiu que a inflação deve estourar o teto da meta em 2024, enquanto o mercado prevê um rombo maior, com o IPCA acima da margem de tolerância no ano passado e neste.

    Dados do relatório de inflação do quarto trimestre mostram que a probabilidade desse cenário se concretizar é de 100% — a estimativa anterior (de setembro) era de 36%.

    Ao ser sabatinado por senadores da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em 8 de outubro, Galípolo frisou que, uma vez recebida a meta de inflação, cabe ao Banco Central colocar a taxa de juros “num patamar restritivo suficiente, pelo tempo que for necessário, para atingir aquela meta”.

    Confiança da equipe econômica

    Galípolo tem proximidade com o ministro Fernando Haddad, de quem foi braço direito na pasta da Fazenda no primeiro semestre de 2023, antes de ser escolhido para a diretoria da autoridade monetária.

    Na posição de secretário-executivo do Ministério da Fazenda nos primeiros meses de 2023, o economista circulou em vários espaços da capital federal, estabelecendo boa relação com parlamentares.

    Nos meses em que ficou esperando assumir a cadeira principal de banqueiro central, Galípolo participou de uma série de reuniões com Lula e Haddad, incluindo aquelas sobre as medidas de revisão de gastos públicos.

    Disse Haddad sobre a participação do aliado em uma das reuniões sobre o pacote fiscal: “O Gabriel participou da reunião com o presidente, a pedido do presidente. Ele [Lula] queria ouvir a percepção do Gabriel sobre as matérias, como é que ele percebia o que ia ser anunciado. Então, ele convocou o Gabriel para uma reunião. Ele participou de toda a reunião”.

    Outros desafios

    O novo presidente do Banco Central ainda terá que dar continuidade a políticas como o sistema de pagamento instantâneo, o Pix, e a nova moeda digital, o Drex, que exigem uma infraestrutura pública digital robusta. Ainda há desafios para essas duas políticas, como o Pix por aproximação, por meio das carteiras digitais.

    Ele também terá o desafio de manter atual o quadro de pessoal no BC em quantidade e qualidade suficientes. Ao comparar o Pix a serviços públicos essenciais, Galípolo salientou: “Se o Pix funciona 24 por 7, nós precisamos ter gente trabalhando 24 por 7. Há necessidade de fazer investimentos em diversos setores”.

    Também estará na mesa de Galípolo a valorização dos profissionais do BC, que passam por concurso público, mas têm se queixado da baixa atratividade da carreira.

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