O consumo de bebidas álcoolicas é a terceira principal causa evitável mais associada ao risco de câncer nos Estados Unidos, atrás apenas do tabaco e da obesidade. Devido às seguidas confirmações dos riscos em estudos recentes, uma autoridade de saúde pública dos Estados Unidos defendeu em relatório divulgado nessa sexta-feira (3/1) que as garrafas deveriam trazer em seu rótulo um alerta para os consumidores.
O relatório descreve as evidências científicas que ligam o consumo de álcool ao aumento do risco de pelo menos sete tipos diferentes de câncer, incluindo o de mama (em mulheres), além da formação de tumores em todo o aparelho digestivo, causando câncer de intestino, esôfago, laringe, fígado, boca e garganta.
O pronunciamento foi feito pelo cirurgião-geral dos EUA, Vivek Murthy. O cargo de cirurgião-geral tem posição de liderança na saúde pública americana, e é encarregado de orientar políticas públicas de saúde baseadas em evidências científicas. Este é o segundo mandato de Murthy no posto.
Pedido para um novo rótulo de advertência
Segundo o relatório, o álcool contribui para quase 100 mil casos de câncer e cerca de 20 mil mortes por ano no país, encurtando em média 15 anos a vida daqueles que têm a doença. Em resposta, Murthy defende que rótulos de advertência sejam adicionados às bebidas, como já ocorre com o tabaco, para informar os consumidores sobre os perigos.
“Devemos fazer alterações nas características do rótulo das bebidas para garantir que tenham uma advertência mais visível, proeminente e eficaz no aumento da conscientização sobre os riscos de câncer associados ao consumo de álcool”, afirma o cirurgião-geral no documento.
Atualmente, a lei americana prevê que o rótulo contenha apenas dois alertas: de que mulheres não devem beber na gravidez e que o consumo de bebidas prejudica a capacidade de dirigir. O aviso é o mesmo desde 1988.
As associações entre o álcool e o câncer
O relatório detalha o impacto do álcool, especialmente em mulheres, que representam 60% das mortes por câncer relacionadas à bebida, principalmente por câncer de mama. Em homens, cânceres de fígado e colorretal são os mais prevalentes.
Além disso, cerca de 83% das mortes relacionadas ao álcool ocorrem em pessoas que consomem mais do que os limites recomendados pelo governo: atualmente, são permitidas duas doses diárias para homens (cerca de 50 ml de destilado ou duas latas pequenas de cerveja) e uma para mulheres. Porém, o risco não está restrito a quem bebe excessivamente: 17% das mortes acontecem em quem bebe álcool dentro do limite.
Em seu relatório, Murthy também pede que os limites de álcool sejam reavaliados, ressaltando a necessidade de incentivar que os consumidores bebam cada vez menos.
Apesar das evidências claras, muitos americanos ainda desconhecem os riscos. Uma pesquisa de 2019 revelou que apenas 45% da população associa o álcool ao câncer, uma cifra menor que a percepção de outros riscos, como tabaco (89%) e obesidade (53%).
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