O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (27/6) reconhecer a “necessidade” de encarar as pressões de gastos públicos, mas ressaltou que essa tarefa deverá cuidar dos brasileiros mais vulneráveis, como defende o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele falou em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão.
Haddad iniciou o discurso afirmando que “é uma sina do ministro da Fazenda estar entre gasto e economia”, e brincou que procuraria transformar gasto de tempo em investimento, como Lula insiste em dizer. Nos últimos dias, o presidente da República tem colocado em dúvida a necessidade de corte dos gastos públicos.
No encerramento do discurso, o ministro da Fazenda salientou: “Reconhecemos a necessidade de encerrar as pressões de gastos públicos, desde que, como sempre lembra o presidente, cuidemos dos mais vulneráveis”.
Na quarta-feira (26/6) em entrevista ao portal Uol, Lula afirmou ainda não saber se “precisa efetivamente cortar” gastos para equilibrar as contas públicas, mas descartou a possibilidade de reduzir o salário mínimo para atingir esse objetivo.
O petista também negou mexer no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e nas pensões e aposentadorias, hoje vinculadas ao salário mínimo.
Segundo Haddad nesta quinta, o redesenho das políticas públicas será levado a cabo para equilibrar as contas, “mas com a sabedoria política de alguém que já demonstrou compromisso com quem mais precisa do Estado brasileiro”, em referência ao presidente.
Diálogo com o Congresso
O ministro ainda ressaltou o apoio do Congresso Nacional em várias propostas sugeridas pela equipe econômica e rechaçou que as medidas arrecadatórias tenham ampliado a carga tributária no país.
“Ninguém está aumentando carga tributária, não se criou um imposto, não se aumentou uma alíquota. O que se fez é corrigir desequilíbrios fiscais, renúncias fiscais”, destacou.
“Pessoas que detinham riquezas excessivas com rendimentos exorbitantes pagavam zero de Imposto de Renda. Várias leis foram aprimoradas, sempre democraticamente, na conversa com o Congresso Nacional, negociando. Ninguém impôs ao Congresso uma agenda, tudo foi negociado”, prosseguiu.
Segundo ele, isso demonstra a capacidade de diálogo da articulação política e do Ministério da Fazenda. E completou: “O presidente Lula nunca desautorizou o Ministério da Fazenda na busca do equilíbrio das contas”.