O Brasil ultrapassou a marca dos 680 mil casos de dengue, segundo mostram os dados mais recentes do Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério da Saúde. O país registrou um total de 688.461 casos prováveis da doença nas sete primeiras semanas epidemiológicas do ano.
O número representa um aumento de 315% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Brasil teve 165.839 casos. O índice pode ser ainda maior, uma vez que os dados do painel ainda devem sofrer atualizações, conforme chegam novas informações dos municípios.
Distrito Federal, Minas Gerais, Acre, Paraná, Goiás, Espírito Santo e Rio de Janeiro são as unidades da Federação com maior incidência da doença por 100 mil habitantes. Além dos milhares de casos, 122 pessoas perderam a vida por causa da dengue. Outros 456 óbitos estão sob investigação.
A situação é alarmante, já que a alta de casos acontece antes mesmo do período tradicional de pico da doença, entre março e abril. No ano passado, o país bateu os 688 mil casos apenas na 14ª semana epidemiológica, no início de abril.
Hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (FAB), na Ceilândia, tem movimento intenso de pacientes buscando atendimento contra a dengue – Metrópoles 1
Mulher com suspeita de dengue precisa ser carregada ao dar entrada no Hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (FAB), na Ceilândia
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
Hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (FAB), na Ceilândia, tem movimento intenso de pacientes buscando atendimento contra a dengue – Metrópoles 5
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
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Dengue não é privilégio do DF e preocupa até Lula, diz Celina
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Divulgação/Prefeitura de Aparecida de Goiânia
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Agente da Prefeitura de Pindamonhangaba (SP) realiza nebulização contra a dengue em imóvel residencial da cidade
Divulgação/Prefeitura de Pindamonhangaba
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Impacto do El Niño
De acordo com o médico infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Julio Croda, a alta é impactada, principalmente, pelo fenômeno El Niño, que eleva a temperatura e favorece a reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
“O que observamos, principalmente nos últimos dois anos, é o aumento de temperatura pelo impacto do El Niño. Isso provoca o retorno e a expansão do mosquito da dengue em regiões que antes não tinham tanta incidência, como o Rio Grande do Sul e São Paulo”, avalia o professor.
O principal desafio, segundo o especialista, são as implicações da alta de casos no sistema de saúde, que pode deixar unidades estaduais e municipais sobrecarregadas.
“A gente já vive uma epidemia de dengue. A questão é seus impactos no sistema de saúde. Por isso, é necessário um esforço coletivo, com mobilização dos estados, municípios e do governo federal no sentido de organizar o atendimento à população”, destaca Croda.