Você está entre as pessoas que passa boa parte do tempo escutando podcasts? Muitos indivíduos estão constantemente puvindo programas de áudio em casa, no ônibus, no carro, na academia ou durante uma caminhada. A intenção pode ser receber informações, se concentrar, driblar a solidão ou, até mesmo, evitar a socialização.
“Algumas pessoas precisam de um estímulo sonoro extra”, afirma a neurocientista Sahar Yousef, da Universidade de Califórnia Berkeley, nos Estados Unidos. “O ideal é que todos descubram o que funciona para si”, completa, em entrevista recente ao The Washington Post.
Para prestar atenção e realizar um trabalho bem feito, o cérebro precisa entrar em estado de concentração. Pouca atividade cerebral pode deixar a pessoa dispersa, mas estímulos excessivos podem sobrecarregá-la.
O ideal é que a tarefa seja interessante e desafiadora o bastante para estimular o cérebro a prestar atenção. Muitas vezes, porém, atividades chatas e repetitivas não conseguem incentivar o indivíduo a se concentrar e ele acaba “viajando”.
Ruído de fundo
A terapeuta Lindsay Fleming, que trabalha com jovens com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), conta que frequentemente recomenda ruído de fundo para seus clientes e famílias como uma forma de incentivar o foco quando ele não ocorre naturalmente.
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O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica de causas genéticas que pode acometer pessoas em qualquer idade. É caracterizado, principalmente, por sintomas de desatenção
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Além disso, a impulsividade e inquietude são alguns dos sintomas mais frequentes entre as pessoas com TDAH. Apesar de ser mais comum em crianças e adolescentes, a condição também pode se manifestar em pacientes na vida adulta
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Os principais sintomas da TDAH são: dificuldade para prestar atenção em atividades escolares ou do trabalho, perder coisas necessárias para realizar atividades, parecer não escutar quando falam, evitar tarefas que exigem esforço mental, não seguir instruções e apresentar esquecimentos frequentes em atividades diárias
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Ainda podem ser sinais do transtorno: agitar as mãos, pés ou se remexer na cadeira, falar de forma exagerada, ter dificuldade em aguardar, interromper ou se meter em assuntos dos outros e dar respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas
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Estar frequentemente “a mil”, agir como se estivesse “a todo o vapor” e abandonar a cadeira da sala de aula ou outras situações onde se espera que permaneça sentado também podem indicar a presença da TDAH
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Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), questões hereditárias, alteração do funcionamento de neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), são algumas das causas da TDAH
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Além disso, substâncias ingeridas na gravidez, exposição a chumbo, sofrimento fetal, deficiência hormonal e vitamínicas na dieta, por exemplo, podem influenciar no desenvolvimento do transtorno
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Segundo especialistas, quando o TDAH é diagnosticado precocemente, tratamentos medicamentosos e psicoterápicos minimizam os sintomas na vida adulta, fazendo com que o paciente se torne mais funcional dentro das expectativas do mundo
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Contudo, pessoas diagnosticadas tardiamente costumam notar o transtorno com a falta de atenção e concentração em atividades diárias, como estudos, trabalho, e dificuldades na realização de tarefas de rotina
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O diagnóstico, no entanto, não é tão simples e, muitas vezes, o TDAH pode ser confundido por leigos como falta de interesse, má educação ou desleixo. Por isso, psicólogo e psiquiatra devem ser procurados para fazer a avaliação correta
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O diagnóstico da condição é clínico. Durante entrevista com paciente e familiares, as queixas são ouvidas e prejuízos funcionais são analisados por especialistas, que determinarão se há ou não a presença do transtorno no indivíduo
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Segundo ela, os podcasts oferecem estímulos que fazem os pacientes manterem a atenção em segundo plano quando são demandados com tarefas pouco estimulantes.
Porém, diferentes fontes de ruído ao fundo proporcionam diferentes níveis de estímulo. Ouvir um podcast provavelmente requer mais esforço cognitivo do que escutar uma música, assim como assistir a um programa de televisão desconhecido é mais trabalhoso do que reassistir ao seu episódio favorito.
“Não é um modelo único e é preciso muita tentativa e erro para perceber quando você se sente bem. Conhecer seu corpo e cérebro é essencial para identificar o que você precisa e quando”, explica a terapeuta, também em entrevista ao The Washington Post.
Os podcasts viraram uma mania para muitas pessoas. Há formatos informativos e outros que servem apenas para distração
Ouvir podcasts sempre pode ser prejudicial?
A comunidade científica está dividida sobre o consumo exagerado de podcasts. Alguns estudos consideram os programas benéficos para a concentração e o desempenho, enquanto outros o veem como prejudicial. “A falta de consenso, provavelmente, se deve à diversidade das tarefas estudadas e à variação entre os cérebros dos participantes”, afirmou Yousef.
O que realmente importa é o que funciona para você, segundo os especialistas. Se você estiver tendo dificuldade em manter o foco, pode experimentar adicionar algum tipo de som de fundo. Comece com uma trilha branca ou uma música instrumental.
Se a concentração ainda não estiver modulada e você precisar de mais estímulo, considere escutar músicas com letras ou podcasts. Você pode escolher áudios diferentes para situações diversas, como ouvir um podcast de suspense enquanto responde a e-mails ou reprises de programas de comédia para relaxar antes de dormir.
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