A maioria dos comerciantes de varejo de vizinhança possui o negócio há mais de cinco anos, não tem sócios e possui funcionários. Três em cada quatro estabelecimentos têm até dois caixas físicos. Os dados são de pesquisa feita pela plataforma Compra Agora, focada no varejista brasileiro, em parceria com o Instituto Locomotiva.
Foram feitas mil entrevistas por telefone entre os dias 25 de abril e 23 de maio de 2023, com proprietários (81%) e funcionários (19%) responsáveis pela gestão comercial do varejo de vizinhança alimentar (até 8 caixas físicos) em todas as regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de 3,1 pontos percentuais.
Entre os entrevistados, a maioria (51%) está na faixa etária entre 30 e 45 anos. Outros 36% têm 46 anos ou mais e 13% estão entre 18 e 29 anos. Em relação à escolaridade, 7% têm curso superior completo, 71% terminaram o ensino médio e 22% têm até o ensino fundamental. A maioria (55%) pertence à classe C – 42% são da classe AB e 3% das classes DE.
A pesquisa também mostra que 54% têm mais de 5 anos de mercado, 33% têm de 2 a 5 anos e 13% têm até 2 anos. Nos checkouts, 73% têm até dois caixas físicos, 24% possuem de 2 a 4 caixas e 3% têm mais de 4 a 8 caixas.
Em relação aos proprietários, 82% não possuem sócios. Dos que têm sócios (18%), 13% possuem apenas um sócio e 5%, dois sócios ou mais. E entre os 80% que possuem funcionários, 16% têm apenas um, 55% têm de 2 a 5 funcionários e 9% possuem seis funcionários ou mais. Destes, 57% têm ao menos um funcionário da mesma família, sendo que 26% são todos da mesma família.
Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, conhecer mais profundamente o perfil do varejista de vizinhança alimentar é crucial para entender suas demandas e planejar ações que possam efetivamente contribuir para o seu crescimento.
“Entender quais são seus medos, quais são suas perspectivas e desejos em relação ao negócio. Dessa forma ele deixa de ser só uma linha na planilha de CNPJs e se transforma em uma pessoa com desejos e inseguranças. Isso abre muitas oportunidades de relacionamento.”
Já o CEO do Compra Agora, Julio Campos, afirma que existem atualmente no Brasil 500 mil lojas que compõem o varejo de vizinhança. “É fundamental que se conheça o perfil desse varejista para que seu negócio seja atendido da melhor forma possível. E, consequentemente, que seu cliente tenha suas necessidades contempladas. O nosso propósito é também contribuir para que esse empreendedor otimize processos de compra e venda e oferecer ferramentas tecnológicas para auxiliar na boa administração do negócio”, diz.
Otimismo
Varejistas de vizinhança alimentar estão otimistas com os rumos do seu negócio no próximo ano. Segundo a pesquisa, 88% acreditam que o desempenho do seu comércio vai melhorar nos próximos 12 meses.
Em relação ao ano passado, 75% avaliam que o negócio teve um bom desempenho, 21% afirmam que ficou igual e 4%, que piorou. Quando os dados de percepção são cruzados com o de expectativa, 72% dos entrevistados dizem que o negócio melhorou e vai melhorar. Para outros 17%, não melhorou, mas vai melhorar. A percepção para 8% é que não melhorou e vai piorar e para 4% é que melhorou e vai piorar.
“A pesquisa mostra que, apesar do cenário recente que foi desafiador para o consumo das famílias, o varejo alimentar tem uma maior resiliência, prova disso é o varejo de vizinhança que está otimista e acha que negócio melhorou no último ano e vai melhorar no próximo”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
O levantamento aponta ainda que os mais jovens têm uma perspectiva mais positiva em relação ao seu negócio. Entre a faixa etária de 18 a 29 anos, 82% acreditam que o negócio melhorou e vai melhorar.
“O varejo, seja alimentar ou de roupa, é um consumo que cresce com o aumento da renda da classe D. Quando você coloca o dinheiro na base da pirâmide você alimenta o que chamamos de ciclo virtuoso da economia, e é o que o Governo Federal tem feito com iniciativas como o Bolsa Família, por exemplo. O sujeito que ganha dinheiro vai gastar no que quiser, aumentando o desempenho do varejo e refletindo na expectativa de que o negócio melhorou ou vai melhorar demonstrada na pesquisa”, afirma Meirelles.
Dificuldades e desafios
Embora otimista, os varejistas reconhecem dificuldades no cotidiano de seu negócio. Questionados sobre o que tira o seu sono, 95% entre os que afirmam ter sempre uma preocupação apontam despesas (18%), gestão financeira (15%), concorrência (10%), precificação (7%), expansão (6%) e acesso a crédito (6%).
Questionados sobre os desafios financeiros, 98% dos empreendedores reconhecem dificuldades como investir no negócio, separar as contas pessoais das do comércio ou adquirir crédito para investir na loja. Apenas 2% afirmam não ter dificuldade financeira.
Entre os temas mais citados pelos entrevistados estão investir os ganhos no próprio negócio por conta própria (40%), separar o dinheiro para as despesas do negócio por conta própria para as despesas pessoais (38%), precificar os produtos de forma adequada (37%) e conseguir crédito e empréstimo (36%).
“O varejo alimentar gera um impacto positivo enorme ao ajudar a comunidade na qual está inserido. Ele reforça a economia local e, com isso, contribui para a prosperidade do país. E o Compra Agora oferece a esse varejista, por exemplo, crédito para reposição do estoque, preço competitivo, conteúdo de extrema relevância contribuindo para que o varejista compre bem, venda bem e administre bem o seu negócio”, afirma o CEO do Compra Agora, Julio Campos.
Canais de comunicação
Vendas por app de mensagens são grandes aliadas do varejo, aponta também a pesquisa. WhatsApp é o principal canal de comunicação do varejista de vizinhança alimentar com seu cliente: 68% preferem o aplicativo de mensagem, sendo que, entre a faixa etária de 18 a 45 anos, esse número sobe para 71%. Redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter são citadas por 39% dos entrevistados. Outros 36% mencionam ligações telefônicas e 19% não utilizam nenhum canal de comunicação.
“Os aplicativos de mensagens se tornaram uma ferramenta poderosa para o estabelecimento de um contato direto com os clientes, sobretudo em um nível local de vizinhança. Muitas vezes o varejista de vizinhança não possui uma estrutura dedicada de comunicação ou não domina muitas ferramentas profissionais de comunicação, mas domina aplicativos de mensagens usados em seu cotidiano e consegue, assim, compartilhar informações sobre produtos, promoções e novidades. Isso cria uma conexão mais próxima”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
A pesquisa mostra ainda que canais online se destacam entre os varejistas mais jovens e para negócios mais recentes. Entre os respondentes de 18 a 45 anos, 80% utilizam canais online, já entre os que têm mais de 46 anos, apenas 64% responderam utilizar esses canais. Entre os que possuem negócios de até 5 anos, 77% dos são ativos nesse meio de comunicação com o cliente. Já entre os que possuem negócios há mais de 5 anos, 71% responderam que utilizam canais online.
Marketplaces
Atacado, distribuidores e vendedor/representante são os canais mais utilizados para fazer compras de reposição de estoque e canal de maior frequência de compra. Já os marketplaces ganham espaço na percepção de conveniência no setor do varejo de vizinhança alimentar. Entre os motivos que levam a esses canais, o preço é citado como principal motivo para escolha no atacado (45%), varejo (30%), distribuidores (31%) e indústria (27%). Não precisar se deslocar para loja física aparece como principal motivo pela escolha de Marketplaces (31%) e representantes (28%).
Independentemente do canal, o proprietário do estabelecimento é o maior responsável por realizar as compras. Entre os entrevistados, 60% conhecem marketplaces exclusivos para empresas que oferecem produtos para reposição de estoque – o Compra Agora é o mais conhecido. Desse total, 27% compraram e 33% nunca compraram.
Sobre estoques, 75% concordam que têm pouco espaço no estabelecimento, por isso precisam repor o estoque com mais frequência; 70% concordam que o giro de estoque é alto, por isso precisam repor as mercadorias com mais frequência; 61% concordam que, se pudessem escolher, seria mais prático fazer a compra de reposição do estoque na internet.