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    HomeBrasiliaFilho torrava aposentadoria de mãe em loteria e nem conferia resultado

    Filho torrava aposentadoria de mãe em loteria e nem conferia resultado

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    Entre entulhos e caixas de panetone em um quarto com paredes insalubres, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) encontrou, na quinta-feira (9/10), o retrato cruel de uma rotina de 15 anos marcada por abandono, violência e obsessão.

    Na residência em Samambaia, uma mulher de 72 anos foi resgatada após ficar uma década e meia isolada. O responsável por tanto sofrimento é o filho dela, Demetrius Emerson de Farias, 49 anos (foto abaixo), que frequentemente a deixada sozinha e chorando. Ele foi preso.

    No meio da sujeira, algo chamou ainda mais a atenção dos agentes: maços e mais maços de comprovantes de apostas em loterias e jogos de azar, todos acumulados ao longo dos anos. Nenhum deles jamais havia sido conferido.

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    Era como se cada papel representasse não apenas uma aposta perdida, mas também a esperança distorcida de um filho que, em vez de cuidar, consumia a aposentadoria da própria mãe em um ritual compulsivo e sem sentido.

    Veja imagens do local:

    10 imagensIdosa era alimentada com panetoneUm dos quartos da casaEstado da cozinhaEstado da camaComo o fogão estavaFechar modal.1 de 10

    Quem é o filho que mantinha mãe presa para ficar com pensão de R$ 5 mil

    Imagem cedida ao Metrópoles2 de 10

    Idosa era alimentada com panetone

    Reprodução / PCDF3 de 10

    Um dos quartos da casa

    Reprodução / PCDF4 de 10

    Estado da cozinha

    Reprodução / PCDF5 de 10

    Estado da cama

    Reprodução / PCDF6 de 10

    Como o fogão estava

    Reprodução / PCDF7 de 10

    Casa toda bagunçada

    Reprodução / PCDF8 de 10

    Cama lotada de entulho

    Reprodução / PCDF9 de 10

    Banheiro da casa

    Reprodução / PCDF10 de 10

    Remédios jogados

    Reprodução / PCDF

    Cárcere chamado lar

    Quando os policiais da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia) conseguiram entrar na casa, após resistência do suspeito, depararam-se com um cenário de horror: montanhas de lixo, roupas e caixas espalhadas por todos os cômodos, mofo e mau cheiro impregnados nas paredes.

    O banheiro e a cozinha eram impróprios para uso, e o quarto da idosa parecia um depósito de miséria.

    Em meio à imundície, o detalhe mais perturbador: dezenas de caixas de panetone. Era praticamente o único alimento consumido pela mulher, que sobreviveu durante anos comendo pedaços de bolo industrializado, acompanhados apenas de leite e água da torneira.

    A idosa, resgatada em condições de fragilidade, se queixava de fortes dores de cabeça e tontura. O Corpo de Bombeiros constatou pressão arterial elevada, e a encaminhou ao Hospital Regional de Taguatinga.

    Vejas as imagens:

    Controle absoluto

    Segundo relatos da vítima, ela não tinha acesso à própria pensão de R$ 5 mil, deixado pela mãe. Desde 2003, o filho tomava todas as decisões financeiras. Em depoimento, Demetrius afirmou que parte do dinheiro era usada para pagar o plano de saúde da mãe, e que ele ficava “apenas” com R$ 500.

    Mas os policiais encontraram a verdadeira rota do dinheiro: os incontáveis comprovantes de apostas que jamais foram conferidos. Um vício que, além de escancarar o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) do homem, revelava um ciclo de desperdício e crueldade.

    Os vizinhos e conhecidos confirmaram os anos de tormento. Uma testemunha relatou ter presenciado ofensas brutais como: “Morre, sua velha. Não vai fazer falta aqui. Não presta pra nada”. Em outra ocasião, a mesma pessoa viu hematomas nos braços da vítima após uma discussão com o filho.

    Sobrevivência na sombra

    Em 2024, Demetrius teria usado o dinheiro da pensão da mãe para viajar ao Rio de Janeiro e assistir ao show da cantora Madonna, deixando a idosa sozinha por quatro dias na casa tomada pelo lixo.

    O que era para ser um lar se tornou uma prisão invisível. A mulher viveu cercada por sacos de lixo que jamais podiam ser retirados, sob pena de explosões de fúria do filho.

    Ela foi impedida de comprar um novo fogão, de realizar exames oftalmológicos, mesmo com a visão comprometida, e de buscar qualquer autonomia.

    O cárcere não tinha grades de ferro, mas era sustentado pelo controle psicológico, o isolamento social e o medo constante.

    Willian Carvalho de Menezes
    Willian Carvalho de Menezes
    Jornalista Profissional (0014562/DF) e fotojornalista com 20 anos de experiência na cobertura de fatos que marcaram o Distrito Federal e o Brasil. Atualmente estou à frente do portal Clique DF, onde combino meu olhar jornalístico com a sensibilidade da fotografia para informar com responsabilidade, profundidade e compromisso com a verdade.

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