As divergências políticas do campo da direita nos últimos dias em relação ao tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem bagunçar os planos da direita de ter um candidato único para as eleições presidenciais de 2026. No momento, políticos do grupo argumentam que a eleição ainda está longe e que haverá união.
Parlamentares ouvidos sob reserva pelo Metrópoles admitem que houve um desgaste de imagem daqueles mais alinhados com o bolsonarismo, mas minimizam o efeito no pleito presidencial do ano que vem. Na avaliação de uma ala da direita, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), segue como o nome capaz de unificar a direita para se contrapor ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao PT.
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A avaliação feita por esse grupo é de que só as candidaturas de Tarcísio ou do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2030, são capazes de evitar uma pulverização de candidaturas da centro-direita. Se for alguém da família Bolsonaro, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ou Michelle Bolsonaro, haverá outras candidaturas no campo da direita, segundo essa ala.
Nesta semana, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro criticou publicamente o governador de São Paulo na rede social X. O parlamentar disse que Tarcísio tem uma “subserviência servil às elites” depois da reunião feita com empresários.
Na segunda-feira (14/7), em entrevista à coluna Paulo Capelli, do Metrópoles, Eduardo criticou a reunião de Tarcísio com o encarregado de ordens dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar.
“Desde que estou nos Estados Unidos, Tarcísio nunca me ligou. Nunca ligou. Há uma tentativa de usar outros canais e não o do presidente Bolsonaro. Outros canais já se mostraram ineficientes”, disse ao Metrópoles.
Depois, o deputado federal foi desautorizado pelo pai, que mandou cessar as críticas direcionadas ao principal aliado político. À imprensa, depois de se reunir com aliados no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Bolsonaro voltou a defender Tarcísio e disse que ele “faz mais que o ministro do Itamaraty [Mauro Vieira]” nos esforços para negociar com a Casa Branca.
Reclamação sobre Eduardo Bolsonaro
Parlamentares aliados do bolsonarismo estão contrariados com a postura que vem sendo adotada pelo deputado licenciado. Eduardo, que está nos Estados Unidos, comemorou as tarifas do governo americano e admitiu que participou da costura de sanções contra o Brasil.
Na visão de uma ala da oposição, Eduardo não podia nem ter comemorado a taxação e nem feito uma carta em que confirma que fez parte dessa negociação. Até mesmo nomes fiéis à cúpula do Partido Liberal têm reclamado da postura do filho “03” de Bolsonaro e têm chamado a postura radicalizada do deputado de “insanidade“.
Pesquisas divulgadas nos últimos dias mostraram que o bolsonarismo foi impactado pela defesa da taxação nas redes sociais. O governo Lula começou a retomar a popularidade e voltou a liderar os cenários de 1º turno do ano que vem.
A avaliação de caciques do centrão mais alinhados com o Planalto, no entanto, é que a popularidade de Lula deverá aumentar neste ano à frente das eleições e que o embate com Trump foi um “empurrão”.
“O tarifaço só serviu para escancarar que quem se autointitula patriota não passa de um oportunista. A verdade é que o Lula sempre foi, é e será um candidato muito competitivo”, disse um líder partidário sob reserva.