Uma rampa construída por frequentadores de uma pista de skate próxima ao Terraço Shopping, no Cruzeiro, foi demolida pela Administração Regional do Sudoeste e revoltou os usuários do espaço. A estrutura havia sido erguida de forma colaborativa, desde arrecadação dos valores para materiais à mão de obra, custeada pelos próprios skatistas que utilizam o local. Segundo eles, a empreitada respeitava a cultura do “faça você mesmo”, típica do esporte. A ideia era ampliar as possibilidades de manobras e adaptar o local às demandas da comunidade.
A intervenção, no entanto, foi classificada como irregular pela administração regional, que justificou a demolição com base na falta de autorização prévia, nos riscos de segurança — especialmente para crianças que utilizam o espaço — e na possibilidade de perda da garantia da pista, inaugurada há dois anos com verba pública e ainda sob responsabilidade da construtora.
A pista Sukata é considerada uma referência cultural e esportiva, recebendo pessoas de todas as idades. Skatistas veteranos, como Carmelo Fabrício, que frequenta o local desde 1997 com a família, relatam que a pista é mais do que um espaço de lazer — é também um ponto de convivência e identidade do bairro. “Aqui se forma laço, cultura e respeito. O skate é inclusão e essa pista é parte da história do Cruzeiro”, disse.
Veja frequentadores no local
Ainda segundo os usuários, as modificações feitas contavam com a anuência do arquiteto responsável pelo projeto original e foram financiadas de forma coletiva. As intervenções buscavam preservar a essência colaborativa do skate e adaptar o espaço às necessidades reais de quem o utiliza diariamente. Mesmo com o conflito, a comunidade segue mobilizada para preservar o espaço e dialogar sobre futuras melhorias.
Na mesma semana do ocorrido, bancos manualmente produzidos pelos skatistas foram retirados e, no mesmo lugar, instalados assentos de concreto, utilizando, inclusive, do mesmo vão cavado para fixação do anterior.
Segundo o grupo, estragos ocasionados pelo uso diário e atrito dos skates, como buracos e rachaduras, são consertados pela comunidade. De acordo com os skatistas, apesar de algumas vezes enviarem demandas à administração, o tempo de espera supera a necessidade de uso. Veja, abaixo, imagens das avarias registradas na pista.
Em entrevista ao Metrópoles o administrador da regional, Reginaldo Sardinha, informou que os responsáveis pela construção foram notificados e advertidos anteriormente, após uma intervenção similar no local. Ainda assim, uma nova estrutura foi iniciada sem aprovação formal.
Segundo Sardinha, alguns dos valores desembolsados para a reforma, incluindo a demolição, serão cobrados pessoalmente de um dos skatistas que usa o local, e encabeçou a inovação, segundo o gestor, irregular.