As pessoas diagnosticadas com mais de uma doença crônica correm um risco significativamente maior de desenvolver depressão, dizem pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Em um estudo publicado na terça-feira (13/5), na revista científica Nature Communications Medicine, os cientistas afirmam que algumas combinações de doenças — principalmente as cardiometabólicas, como diabetes e doenças cardíacas — podem mais que dobrar a probabilidade de um futuro diagnóstico de depressão.
“A área da saúde geralmente trata a saúde física e mental como coisas completamente diferentes, mas este estudo mostra que precisamos melhorar na previsão e no controle da depressão em pessoas com doenças físicas”, disse o professor Bruce Guthrie, do Centro de Pesquisa em Cuidados Avançados da Universidade de Edimburgo, em comunicado.
A pesquisa foi realizada a partir de dados de 142.005 adultos (77.785 mulheres e 64.220 homens) com idades entre 37 e 73 anos. Os participantes estavam inscritos no estudo UK Biobank e tinham pelo menos uma condição física crônica, mas nenhum histórico de depressão.
A partir dessas informações, os cientistas agruparam os indivíduos de acordo com os perfis de comorbidades e monitoraram como esses agrupamentos se relacionavam com diagnósticos posteriores de depressão.
O grupo de pessoas com a maior combinação de doenças crônicas tinha também a maior incidência de casos de depressão. Os pesquisadores notaram que essa comunidade não apresentava uma única doença dominante, mas sim uma combinação complexa de problemas.
Nesse grupo, cerca de uma em cada 12 pessoas desenvolveu depressão nos 10 anos seguintes ao diagnóstico da doença crônica, em comparação com cerca de uma em cada 25 pessoas sem condições físicas.
“Observamos associações claras entre problemas de saúde física e o desenvolvimento de depressão, mas este estudo é apenas o começo. Esperamos que nossas descobertas inspirem outros pesquisadores a investigar e desvendar as ligações entre problemas de saúde física e mental”, disse Lauren DeLong, principal autora do estudo, em comunicado.
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A depressão é uma doença psiquiátrica caracterizada por tristeza profunda, sentimento de desesperança e pela falta de motivação e interesse em realizar qualquer tipo de atividade. Essa condição pode ser crônica, tornando a se repetir em vários momentos da vida, ou episódica, desencadeada por alguma emoção específica
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A luta contra esse mal começa, inicialmente, na busca do paciente por ajuda. Em seguida, além do tratamento indicado por um especialista, mudanças no hábito de vida são essenciais para combater a doença
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Um desses hábitos é ter boas noites de sono. Dormir bem é necessário para manter a saúde mental. Alguns estudos sugerem que pessoas com insônia são até dez vezes mais propensas a ter depressão
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Manter-se longe de situações que podem causar estresse é outra recomendação. Apesar de parecer impossível excluir essa reação tão danosa das nossas vidas, uma vez que ela é provocada por fatores que não podem ser controlados, é possível gerenciar os nossos sentimentos durante situações estressantes. Autoconhecimento e certas técnicas ajudam a lidar com o problema
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Realizar atividades físicas é outra indicação para quem tem depressão. Além de manter a cabeça ocupada e focada, exercícios ajudam o corpo a liberar endorfina, substâncias químicas que reduzem a dor e melhoraram o humor. Praticar dança, natação, vôlei ou qualquer outra atividade que você se interesse pode fazer toda diferença
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O álcool pode agravar sintomas depressivos em função de seus efeitos sobre o sistema nervoso central. Beber deixa o paciente menos propenso a seguir o tratamento contra a depressão. Também o coloca em situações mais propícias para ter problemas em casa ou no trabalho
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Manter distância de pessoas negativas é outro hábito que deve ser praticado por quem luta contra a doença. É muito importante ter uma rede de pessoas confiáveis com quem se possa conversar sobre a vida. Contudo, para pessoas que estão em um momento de fragilidade pode não ser adequado ficar repassando assuntos negativos
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Se você não está se sentindo bem, procure permanecer ao lado de pessoas que o alegram e despertam sentimentos positivos
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Assim como em qualquer outra condição, é preciso assumir o problema para que ele possa ser tratado. Portanto, se você está se sentindo deprimido, não deixe de buscar ajuda
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Geralmente, a psicoterapia costuma ser a primeira indicação para casos leves. Já para quadros moderados e graves, o uso de antidepressivos é a conduta mais indicada. Segundo especialistas, quando o tratamento é feito de maneira precoce, os resultados são muito melhores, proporcionando mais tempo livre de sintomas e redução da chance de novos eventos
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Alto risco para depressão
Pessoas diagnosticadas com doenças cardíacas e diabetes apresentaram alto risco de ter depressão, assim como aquelas com doenças pulmonares crônicas — como asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Indivíduos com doenças hepáticas e intestinais também apresentaram grande incidência de casos de depressão. Mulheres com problemas nas articulações e nos ossos, como artrite, foram particularmente afetadas, mas o mesmo não foi observado entre os homens.
Os pesquisadores apontam que, embora a carga biológica da doença possa desempenhar um papel importante, fatores sociais e sistêmicos também podem ajudar a explicar por que a multimorbidade — a presença de duas ou mais condições crônicas — leva a piores resultados de saúde mental.