O bloco carnavalesco Calango Careta se manifestou sobre o servidor do Ministério da Cultura, Pablo Silva Santiago (foto em destaque), 39 anos, denunciado por gravar mulheres em locais públicos para trocar por conteúdos de necrofilia (sexo com cadáveres). Além de funcionário público, o homem se intitulava um agitador cultural do Carnaval do Distrito Federal e era integrante do grupo de foliões.
Por meio de nota, o bloco informou que Pablo foi afastado da função que exercia no Calango Careta.
“Nossa prioridade é seguir acolhendo e protegendo as vítimas, e continuaremos agindo sempre conforme a orientação jurídica. Declaramos total repúdio às atitudes da pessoa investigada. Ficamos tão chocados quanto qualquer um e, enquanto seguimos nos cuidando, apoiamos integralmente o trabalho da polícia e da Justiça”, informou o bloquinho.
O bloco Aves Migratórias de Brasília também manifestou repúdio às ações criminosas praticadas pelo servidor federal. “É fundamental que o ambiente da cultura — seja ele qual for — tenha segurança para todas as pessoas, independente de raça, gênero ou qualquer outra identidade”, destacou.
O coletivo afirmou que se solidariza com as vítimas e que está à disposição para acolher e dar apoio a essas pessoas. “Não toleramos nenhum tipo de desrespeito e esperamos que crimes contra a dignidade sexual sejam combatidos”, pontuou.
Pablo está sendo investigado por colocar câmeras em banheiros para filmar mulheres nuas sem consentimento delas há pelo menos sete anos. Ele teria mais de mil vídeos registrados em sanitários das casas em que morou; de residências de amigos; de festas públicas e privadas; e de locais de alta circulação.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso por meio da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), que cumpriu, na terça-feira (13/5), mandado de busca e apreensão na casa de Pablo Santiago. Os agentes apreenderam notebooks, celulares e HDs externos para análise. Pablo não foi preso.
Ele também é professor de dança e trabalhava em uma escola de salsa, onde fez diversas vítimas. Além de servidor federal, músico e dançarino, o suspeito se intitula professor de matemática, DJ, agitador cultural e engenheiro.
Servidor afastado
A nota assinada pelo corregedor-substituto do Ministério da Cultura, Rafael Otávio de Lima, diz que a pasta determina o afastamento preventivo de Pablo pelo prazo de 60 dias “sem prejuízo da remuneração do servidor e, diante da urgência da medida, será assegurado o contraditório diferido”.
Em nota, o órgão ainda informou que cobrará rigor na apuração dos fatos. “Manifestamos solidariedade às vítimas e reafirmamos nosso compromisso com a proteção das mulheres e a integridade dos espaços culturais”, completou.
Entenda a investigação
- Pablo confessou o vício a uma pessoa próxima no mês passado, quando a mulher descobriu a prática criminosa, e também a um amigo.
- A coluna apurou que, em abril deste ano, essa pessoa – que não terá o nome divulgado para resguardar a vítima – acessou o computador dele e viu milhares de fotos e vídeos íntimos de várias mulheres.
- O conteúdo estava separado por data e nome das vítimas, e havia registros desde 2017.
- As mídias eram não só das pessoas usando banheiros, mas também em contexto sexual.
- A pessoa percebeu que Pablo havia gravado mulheres escondidas em locais como: nas casas onde morou; no banheiro do salão da tia dele; no banheiro da casa de um amigo e também da mãe desse amigo.
- Assustada, a mulher questionou Pablo, que justificou o material por ser viciado em pornografia.
- Naquele momento, ele mostrou a ela um HD externo com mais conteúdos, inclusive contendo imagens dela, gravados sem seu consentimento.
- Nos vídeos em que a jovem aparece, ela estava tomando banho e usando o banheiro.
O Metrópoles procurou Pablo para que ele dê sua versão dos fatos. Até a última atualização desta reportagem, o servidor não havia retornado. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.
