Uma mulher australiana se tornou a primeira paciente no mundo a receber um transplante de pele criada em impressora 3D a partir de células do próprio corpo. O procedimento inédito foi realizado no Concord Hospital, em Sydney, como parte de um ensaio clínico liderado pela equipe da Unidade de Queimados.
Rebecca Jane Torbruegge, de 30 anos, sofreu uma queimadura na perna enquanto pilotava um kart em Eastern Creek. Enfermeira formada, ela percebeu a gravidade do ferimento assim que sua pele começou a apresentar bolhas.
“Quando minha pele começou a borbulhar, percebi que algo estava errado e entrei em contato com a Unidade de Queimados do Concord”, contou Rebecca em comunicado divulgado pelo governo de Nova Gales do Sul na última sexta-feira (9/5).
Impressora 3D
No hospital, a paciente conheceu a pesquisadora Jo Maitz, líder do Grupo de Pesquisa em Queimaduras e Cirurgia Reconstrutiva, que a apresentou ao ensaio clínico pioneiro.
A proposta era utilizar células da própria paciente para imprimir pele diretamente na ferida, com o auxílio de um robô cirúrgico chamado Ligo, desenvolvido pela empresa Inventia Life Science. Após refletir, Rebecca decidiu participar. “Pensei um pouco e depois pensei: ‘É, por que não?’”, disse.
A tecnologia permite que biomateriais sejam depositados com precisão no local do trauma, reconstruindo o tecido danificado. A pele impressa foi aplicada sobre uma ferida criada durante uma cirurgia de enxerto para testar a resposta do corpo de Rebecca ao transplante. Os primeiros resultados indicam cicatrização mais rápida e menos dor.
“Fiquei tão surpresa que não senti dor. Eu esperava um pouco, pelo menos no local onde fizeram o enxerto, mas ficou tudo bem. Meu maior problema foi ficar parada por seis dias”, relatou Rebecca.
Potencial para revolucionar o tratamento de queimaduras
Pacientes com queimaduras extensas costumam enfrentar sérias complicações médicas, como infecções e dores crônicas. Outro problema é a dificuldade de cicatrização, que pode resultar em marcas duradouras, que afetam a mobilidade, a autoestima e a qualidade de vida a longo prazo. Essas complicações representam uma carga significativa para os sistemas de saúde.
“Sabemos que pessoas com queimaduras graves enfrentam uma série de complicações médicas. Esta descoberta oferece uma nova abordagem promissora para acelerar a recuperação, reduzir a dor e melhorar os resultados a longo prazo para os pacientes”, afirmou o ministro da Saúde de Nova Gales do Sul, Ryan Park, que visitou o hospital após o procedimento.
Por enquanto, a impressão da pele é testada apenas em feridas criadas cirurgicamente, mas a expectativa da equipe é expandir o uso para o tratamento direto de queimaduras e feridas profundas nos próximos estágios da pesquisa.
“Este é o futuro. É a primeira vez no mundo, no Hospital Concord, que a impressão 3D é feita no próprio leito do paciente”, destacou Jo Maitz.
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