A Polícia Federal (PF) concluiu na noite desta quinta-feira (17/4) as oitivas do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa. O depoimento ocorreu no âmbito da “Abin Paralela” e no caso de espionagem contra o Paraguai.
Corrêa foi ouvido por quase 5 horas sobre a suposta atividade paralela do órgão, sob suspeita de atrapalhar investigações policiais. Também prestou depoimento o ex-número 2 da agência, Alessandro Moretti.
Os dois chegaram à sede da PF, na região central de em Brasília, por volta das 15h. Eles falam com os investigadores em salas separadas acerca de inquérito sobre a suposta existência de uma estrutura de espionagem ilegal no órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que ficou conhecida como “Abin Paralela”.
Eles também são questionados pela PF sobre a operação de espionagem contra autoridades paraguaias no contexto das negociações sobre Itaipu. Moretti deixou o cargo no início de 2024, após a segunda fase da operação Última Milha apontar para uma tentativa de obstrução da investigação pela cúpula da Abin.
A intimação da PF para depoimentos de Moretti e Corrêa foi antecipada pela coluna Fabio Serapião, do Metrópoles. O delegado federal foi diretor de Inteligência da PF em 2022, último ano do governo Bolsonaro. Já no governo Lula (PT), foi indicado por Corrêa para ser o número 2 da Abin. Moretti foi o segundo integrante da cúpula da Abin sob Lula que perdeu o cargo por causa de desdobramentos da investigação sobre a Abin Paralela.
Última Milha
A primeira fase da operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023, teve como um dos alvos o então número 3 de Luiz Fernando Corrêa, Paulo Maurício Fortunato. Ele foi afastado do cargo, e em sua casa foram encontrados US$ 171 mil.
Já em janeiro de 2024, duas novas fases e a citação da PF sobre uma possível obstrução da investigação derrubaram Moretti.
A investigação da Abin Paralela teve início para apurar o uso do software First Mile contra jornalistas, desafetos e adversários de Bolsonaro. Após a primeira fase, a PF passou a apurar também o uso da estrutura paralela para espalhar desinformação e produzir dossiês contra adversários.
No caso da espionagem contra autoridades paraguaias, um servidor da Abin disse em depoimento à PF que a operação de inteligência teve início no governo Bolsonaro, mas continuou na Abin já no governo Lula com autorização de Luiz Fernando Corrêa.