O secretário nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Pietro Mendes, disse nesta quarta-feira (9/4) que as taxações impostas pelos Estados Unidos ameaçam a transição energética e o desenvolvimento sustentável de todo o mundo.
Ele destacou que o Brasil tem “uma ótima parceria” com os EUA em matéria de tecnologia, “apesar de toda essa controvérsia causada por essas taxações”. Mendes ainda classificou as medidas de “indevidas, porque turvam a geopolítica da energia”.
“A percepção do governo brasileiro é que todas as taxações têm efeitos negativos para o setor energético e também para a própria transição energética e para o desenvolvimento sustentável”, disse Pietro.
Autoridades do setor de energia participam nesta quarta do Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, Oil & Gas 2025, realizado no Centro Cultural da FGV, no Rio de Janeiro. O evento é realizado pela Dominium Group.
Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou, no que ele chamou de “Dia da Libertação”, tarifas a 117 países pelo mundo. O tarifaço atingiu o Brasil, com taxa de 10%, a mais baixa, junto daquelas para Reino Unido, Cingapura, Chile, Austrália e Turquia.
O tarifaço tem causado reação em cadeia. Em retaliação, a China anunciou que vai aplicar tarifas de 84% sobre produtos importados dos EUA. A medida entra em vigor já nesta quinta-feira (10/4).
Novas reservas
Representando o ministro Alexandre Silveira, o secretário também defendeu que o Brasil precisa investir em novas reservas para continuar a ser autossuficiente, e citou a Margem Equatorial nesse contexto. Na visão dele, se o país não fizer isso, voltará a ser importador de petróleo, em razão do declínio dos poços exploratórios.
Mendes disse que o fato de quase 90% da matriz energética brasileira ser renovável dá “total direito” para explorar petróleo. “Não faz sentido o Brasil parar sua exploração e produção de petróleo. O Ministério de Minas e Energia defende que nós temos que atacar a demanda, e não a oferta de petróleo, porque atacar a oferta só vai criar uma restrição para a nossa própria segurança energética. Por isso temos que continuar avançando nas áreas de novas fronteiras”, afirmou.
Ele ainda fez referência ao pré-sal, defendendo sua reposição: “Pré-sal é bilhete premiado, mas que a gente está descontando. Se a gente não repuser essa reserva, a gente vai ficar com a nossa autossuficiência ameaçada”.
“Precisamos avançar nas novas fronteiras, com oferta de novos blocos, licenciamento dos poços exploratórios e perfuração dos blocos exploratórios.”