Em documento enviado ao Estados Unidos, o governo brasileiro afirma que as tarifas aplicadas pelo presidente Donald Trump podem “comprometer gravemente” as relações comerciais entre os países e pede que a Casa Branca priorize o diálogo e cooperação, “em vez da imposição de restrições comerciais unilaterais”.
Tarifaço
- Desde o último dia 12, estão em vigor as tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio nos EUA.
- A taxa foi imposta pelo presidente Donald Trump logo após assumir o mandato.
- A medida afeta diretamente o Brasil, que é um dos principais exportadores do produto para os norte-americanos.
- Em fevereiro, Trump também mencionou o etanol brasileiro ao decretar a política de reciprocidade de tarifas.
- “A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA”, disse Trump.
O documento foi protocolado no dia 11 de março, em resposta a uma consulta pública aberta pelo escritório de representação comercial dos Estados Unidos (USTR) sobre as práticas de comércio exterior não recíprocas.
O governo brasileiro considera que a postura dos Estados Unidos viola acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC).
“O governo do Brasil entende o interesse dos EUA em buscar relações comerciais justas, equilibradas e mutuamente benéficas. No entanto, é importante ressaltar que a abordagem dos EUA à questão viola seus compromissos legais sob a Organização Mundial do Comércio, desfaz o equilíbrio alcançado em negociações passadas e é prejudicial às suas relações econômicas com parceiros de longa data, como o Brasil”, diz o documento.
A manifestação elenca dados do comércio bilateral, incluindo aqueles relacionados à exportação do aço — que foi taxado em 25% pela administração de Trump. Além disso, cita o interesse dos EUA em aplicar tarifas recíprocas para a importação de etanol.
“A tarifa do Brasil para o etanol está dentro dos níveis acordados na OMC e reflete características econômicas, sociais e ambientais relacionadas à produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, particularmente na região Nordeste do país”, defende.
“No mesmo setor de açúcar e álcool, enquanto a tarifa sobre as importações de açúcar no Brasil é de 7%, os Estados Unidos mantêm uma tarifa de US$ 340 por tonelada (equivalente a uma taxa de aproximadamente 80%), o que penaliza as exportações brasileiras do produto para os Estados Unidos”, pondera o governo brasileiro.
“O Brasil insta os Estados Unidos a priorizar o diálogo e a cooperação em vez da imposição de restrições comerciais unilaterais, o que corre o risco de alimentar uma espiral descendente de medidas que podem comprometer gravemente nossa relação comercial mutuamente benéfica”, requer o governo.